Cacimbo
Se o cacimbo vem amenizar,
com seu pincel-Monet, as cores
da Baía, aliviando as dores
que o sol do trabalho arde
Se o cacimbo vem amenizar
a lentidão do peso a cada passo
da bacia, no caminho escasso
que o sol do trabalho arde
Cacimbo, que chegas como um giro
do mar, do céu, um suspiro
do peito que aguenta um grito
anos e anos a fio
E esse povo paciente
fazendo seu passo ardente
na rua silenciosa
tragando a velha prosa
vencida, pós-utopia
Cacimbo, ameniza o dia
esbate, consola com arte
esfria a cabeça que arde
e vem amenizar
Se o cacimbo vem amenizar
no rosto as rugas do desengano
Soma mais um ano e o muro cresce
Rouba mais um sonho e o povo desce
essa rua, que o sol do trabalho arde
Se o cacimbo vem amenizar
o pé na lama que nós pisamos
Soma mais um ano e o muro cresce
Rouba mais um sonho e o povo desce
essa rua, que o sol do trabalho arde
Letra e Música: Aline Frazão
Álbum: Movimento (2013)