Luísa

Leva flores do Huambo na camisa
Kilapanga na mão, não improvisa
Sincroniza o seu peito com a batida
Sem makas, ela dança sozinha

Quando há escolha ela fica indecisa
Faz sentido como a história que pisa
Não precisa de coro nem avisa
Quando vence, ela dança sozinha 

Tem nome de canção: Luísa
Voz de voo de pensamento quando pousa no chão
Essa voz que utilizas pra inventar  

Nem te ocorra mudar
o que em ti é inquieto
O que em ti é falho e é belo porque é remendado
E o que é remendado nasceu
Outra vez e nunca tem fim
Nossa história é assim
Voa que eu vou, Luísa  

Já contei que ela dança sozinha?
Amiga das plantas e da cozinha
Não vacila, ela não poupa na estiga
Sem makas, mas não curte uma briga

Inventora de haikus e teorias
Colecciona frascos de maresia
Semeia uma pergunta por dia
Colhe meia resposta vazia 

Tem nome de canção: Luísa
Voz de voo de pensamento quando pousa no chão
Essa voz que utilizas pra inventar  

Nem te ocorra mudar
o que em ti é inquieto
O que em ti é falho e é belo
porque é remendado
E o que é remendado nasceu
Outra vez e nunca tem fim
Nossa história é assim
Voa que eu vou, Luísa  

Porque quando tu voas, Luísa
Meu abismo se suaviza
E quando tu escreves, Luísa
Meu corpo cicatriza
Quando tu falas, Luísa
Meu segredo se banaliza
É da tua palavra
que este mundo precisa.

 

  

- Luanda, 22/04/21


Letra e Música: Aline Frazão

Álbum: Uma Música Angolana (2022)