O Céu da Tua Boca

Morrer no céu da tua boca,
estrela rasgando a noite,
água-viva, assombro, açoite.
Madrugada, acordar rouca,
A pele em fogo, o sangue em convulsão.
Lenta e langue,
meio à deriva, meio louca,
dançar nua na varanda, vendo nascer em Luanda a fina chama,
tão pouca de mais um dia em construção.
E finalmente a decisão:

Viver no céu da tua boca
Sol salvando a manhã,
bikini, praia, ray-ban.
Passar a vida inteira sem roupa
Varandando assim à toa
Ave vem e ave voa
Morena, moura, barroca
Dançando, dançando, dançando feito uma louca
Na manhã da tua boca.


Letra: José Eduardo Agualusa

Música: Aline Frazão

Álbum: Clave Bantu (2011)