Primeiro Mundo
Eu não sei porquê
Há um incêndio dentro de cada janela e se vê
Eu não sei porquê
este incêndio que arde dentro,
come o corpo todo e a gente finge que não vê
Mas por dentro arde, como não vai arder?
Se na minha terra não tem pra comer
Já quase creio que não tenho o direito de ser alguém
E por isso arde ter de dizer adeus
sem saber se o deserto me vai vencer
Juntar os últimos sonhos com a roupa do corpo,
partir por mim e pelos meus
E afinal... tem que haver algum deus.
Eu não sei porquê
Há um incêndio dentro de cada janela e se vê
Eu não sei porquê
este incêndio que arde dentro,
come o corpo todo e a gente finge que não vê
Mas por dentro arde, como não vai arder?
Se chegando no primeiro mundo
me sinto mais esquecido do que era no segundo
Arde o carimbo de ilegal,
preconceito racial
Só por ter nascido mais ao sul?
Xê, gente do primeiro mundo,
Pais da civilização,
por não ter um papel acabei numa prisão
Xê, gente da terra inteira,
queima o fogo da desilusão:
Este primeiro mundo só de brincadeira.
Tens que entender que não há diferença entre nós
É a mesma essência
E se a minha liberdade não existe
A tua é só aparência
Letra e Música: Aline Frazão
Álbum: Clave Bantu (2011)