Oriente

A Oriente sábia gente diz que é circular
o nosso caminhar a cada dia
O trajecto da estrela-guia
morre e nasce outra vez,
se repete, outra vez,
morre e nasce outra vez…

Na minha mente, o presente é mostra singular,
pegada vaga do que foi,
quando a areia deste tempo vão
era ainda um castelo e não
relógio partido no chão

Girou mais um dia, mais um ano
e meço a passos o equador,
buscando o teu meridiano
p’ra me encontrar no teu país

Improvável sina de cigano
que roda buscando a raiz,
a casa, o chão, o tecto, o espelho, o amigo e o umbigo
A origem dessa linha,
fronteira tão sozinha
Distância absurda
Solidão sem fim, solidão sem ti e sem mim

Olho-te sempre quando quero me orientar
E cada noite se faz dia em ti, no mesmo lugar
Quem dera um dia eu pudesse,
quem dera eu, a oriente despertar
depois do breu, quem dera eu,
no revés do tempo e do céu.

Só fica a certeza que o semi-círculo da linha da vida
desenhada na palma da minha mão
é na tua que encontra continuação.


Letra e Música: Aline Frazão

Álbum: Clave Bantu (2011)